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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Radicalmente Oposto






Quando fiz o compromisso de fazer este blog, e nele colocar minhas experiências, ideias e opiniões, algo que sempre levei em conta é o fato de achar que a imagem que se tem hoje em dia, e que é vendida e comprada dos homossexuais, não condiz com a realidade. Sou contra os guetos, e contra a efeminização e vitimização de uma maioria. Vou contar-lhes agora, uma linda história, uma história que mostra dignidade, coragem, amor e respeito, honra e nobreza.
Desde o princípio do século IV a.C., havia na cidade de Tebas, na Grécia, um batalhão de elite composto por 300 guerreiros. Todos homossexuais e amantes. Era o chamado Batalhão Sagrado de Tebas. Sua coragem e bravura eram conhecidas por toda a antiga Grécia, não havia quem não os temesse e admirasse. A homossexualidade no contexto é explicada pela ideia que se tinha de que dois amantes ao lutarem em uma batalha, jamais abandonariam seu par, por incorrer em covardia para alguém tão importante. Portanto, havia lealdade, proteção e colaboração de ambas as partes. Lutavam até a morte. E claro havia o amor...
Para os antigos gregos o verdadeiro amor é aquele entre dois homens. Porém esse amor hoje vendido, calcado nas relações entre um homem e uma mulher, tem feito os homossexuais se perderem na luta insana por "serem iguais, a qualquer custo", que hoje todos sofrem com a realidade de viver algo que não é para si.
Em O Banquete, Platão trata do amor espiritual entre dois homens, o tratando como algo complexo: "Creio da seguinte forma: O amor não é simples, e como já vos disse no início, as coisas em si mesmas não são nem boas nem más, mas boas se tornam quando feitas de bom modo, e más, no caso contrário". "Quando o amante e o amado concordam em ter por lei, um, prestar ao amado todos os serviços que não firam a virtude, e o outro, servir em tudo o que não se oponha à justiça e ajudá-lo a tornar-se sábio e bom; um, capaz de proporcionar a sabedoria e todas as outras virtudes, o outro, desejoso de ciência e virtudes - quando, pois, essas condições se encontram e harmonizam, só então não é desonesto que se concedam favores a um amante. De outro modo não!".
Vê-se no texto que o amor ali colocado difere totalmente do amor de hoje, baseado nas relações homem/mulher, no qual a essência é a perpetuação da espécie, do contrato lavrado em cartório, das pensões, da divisão de bens, da guarda das crianças, da relativização das sociabilizações humanas.
Platão ainda diz: "De sorte que se fosse possível formar, por algum modo, um Estado ou um exército exclusivamente composto de amantes e amados, assim se obteria uma constituição política insuperável, pois ninguém faria o que fosse desonesto, e todos, naturalmente, se estimulariam para a prática das belas coisas". 
Outra coisa que salta aos olhos é a virilidade aclamada, a hombridade, a masculinidade, as qualidades inerentes ao gênero masculino, e que acompanhava os antigos guerreiros. Seu amor é crescimento, sabedoria, evolução e coragem, em nada lembrando os pedidos de igualdade de hoje daqueles que não se encaixam nesse perfil. Os guerreiros de Tebas ensinam a nós, homossexuais do século XXI, que voltar às origens pode trazer mais felicidade do que querer, por força de Lei ou Pressão, se igualar com quem é tão diverso de nós. O casamento gay de hoje não traz essa troca de virtudes, essa construção de personalidades e amizades, as relações entre dois homens de hoje estão contaminadas com a visão dos fracos, dos pessimistas e dos criadores de guetos.
Rapazes, procurem calcar suas relações nesses exemplos gregos, pois o que uma amizade entre dois homens cria, dificilmente é esquecido, dificilmente é destruído. Sejam homens valorosos e resgatem essa fraternidade, seremos assim muito mais que um "segmento, um pink money, uma minoria". Criem e sejam corajosos e valorosos como os guerreiros de Tebas.

4 comentários:

  1. Fala Andrey,

    Grande história, de um tempo em que não se achava que homossexualidade era contagiosa, como hoje em dia onde se perde tempo discutindo se uma pessoa é digna ou não de prestar serviços militares pela sua sexualidade e não pela sua dedicação, disciplina e conduta moral.

    Também acho que o que a maioria das pessoas entende por amor é muito limitado e vazio, ainda influenciado pelo Romantismo, por isso é complicado de entender uma relação entre dois homens, sempre se espera que um relacionamento seja entre um protetor e um protegido, e esse é o papel da mulher, que inclusive não condiz mais com a nossa realidade, onde as mulheres muitas vezes são mais "homens" que muito homem por ai, rs.

    Hoje em dia os homossexuais se tornam "uteis" quando podem ser capitalizados, dai se criam bobagens como pink money e lugares gay friendly (hoteis, cruzeiros, logo mais bairros e cidades), o que só aumenta a segregação e vitimização, aumentando nossa distância de uma sociedade justa e democrática de verdade

    Informação e conhecimento são uma boa fonte de fortalecimento para a gente não se sentir "perdido" e sozinho, gosto muito dessa citação do Dostoievski, acho que resume um pouco como eu tento encarar minha sexualidade, rs:
    "A falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho."

    Legal que tenha voltado com o blog!!
    Abraço!

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  2. Valeu Alexandre, fico feliz que tenha gostado do blog, e o seu comentário é extremamente coerente e bem pensado. Informação e conhecimento como fortalecimento para não nos sentirmos sozinhos... É por aí. Acredito muito na educação, na disciplina e na busca do conhecimento como ferramentas para diminuir o obscurantismo, a ignorância e o preconceito. Penso que o que falta hoje em dia é o cultivo de valores hoje esquecidos, como os que citei no texto, e que não servem só para nós homossexuais mais masculinos ou discretos. Para todos. Todos devemos ser mais nobres, mais leais, mais respeitosos, mais disciplinados, mais honrados. Gostei do seu texto. Vê-se que você é um homem instruído. Nietzsche gostava de Dostoievski. Muito feliz essa citação, nada pior que o gueto. Para mim, os Irmãos Karamazov. E para você? Forte abraço e continue comentando.

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  3. E ai Andrey

    Não é sempre que comento mais sigo acompanhando o blog. Pois é, os valores que faltam estão além de classe social, sexualidade, etnia e religião, é mais uma falta de vontade e as vezes até um medo que as pessoas tem de se conhecerem de verdade, dai seguem o "normal" pra evitar sofrer.

    Acho que sua pergunta sobre Irmãos Karamazov foi cortada, mas gosto bastante de Dostoeivski, já li muita coisa dele, Os Irmãoes Karamazov é o meu livro preferido, já li duas vezes e não é dificil que leia de novo, rs.

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  4. Na verdade o que eu quis dizer é que Os Irmãos Kamarazov, támbém é o meu preferido. De qualquer forma, mesmo não tecendo com frequência seus comentários, sempre que possível, de uma olhada e uma ideia. Acredito que assim posso melhorar o que coloco aqui. Forte abraço!

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