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domingo, 24 de abril de 2011

Why don't you play the game?




Hoje acordei nostálgico, e como sempre acontece nesses dias, elejo ou descubro uma música para me reportar a algum lugar ou época que não vivi, porém sinto falta. Pensei em falar sobre o caso em que foi usada a Lei Maria da Penha para um casal de gays, sobre o quanto achei isso despropositado, porém a grande sensibilidade que reside dentro de mim, me transformou hoje num garoto jovem e imaturo, mas um garoto naquela fase da vida em que afloram sentimentos e desejos. É aquele tipo de música que me envolve, e mesmo querendo renegar, querendo negar, sublimar, o desejo de vida vem, forte, copioso... Por que estar com outra pessoa, pensar noutra pessoa, sentir essa pessoa, mesmo que você ainda não a tenha encontrado, mesmo que no momento mais solitário, você ainda tem esperança em encontrá-la, dá a sensação de vida? De existir, de saber que esse sentimento contribui para a beleza dela? Te faz forte para lutar, para amá-la com todo o seu bem e mal? Por quê? Nesses momentos, em que viajo para outro lugar, tão alto, tão feliz!! Sinto toda essa vida, toda essa força, toda essa imensa felicidade, mas logo percebo que ainda isso não ocorreu. Ele não apareceu ainda. Me torno homem de novo, e como tal, tento não me afligir por ainda estar sozinho... Será uma sina? Por que a maioria está sozinha? Por que nós homossexuais perseguimos um padrão que não é nosso? Por que sofremos com isso?
Quando ouço algo assim, é como se não fosse preciso me preocupar, ele vai aparecer, e para tantos outros como eu, também. A gente se machuca, não? Sabemos que a realidade é outra... Sexo fácil, promiscuidade, falta de respeito, desinteresse... Deveríamos ser castos guerreiros? Grandes como Gilgamesh e Enkidu? Bravos amantes como os antigos hoplitas atenienses? Ou devemos continuar a acreditar no Amor? Merecemos ele? Ele existe? Se existe, como seria entre dois homens?
Certa vez li em uma reportagem com uma antropóloga italiana acho eu, que nós homossexuais somos ensinados a acreditar e almejar por uma história de amor no padrão hetero. Pelos filmes, pelas músicas, pelos livros, pelo cotidiano. Na época achei ridículo, e até meio preconceituoso. Hoje, começo a pelo menos tentar ver por esta nova perspectiva, e sinceramente começo a imaginar que pode ser verossímil... É possível que estejamos negligenciando o que de fato precisa ocorrer. Homossocialização. Os adolescentes homossexuais precisam ter essa vivência entre eles, descobrirem que o que de fato importa não esse Amor Ideal, Irreal, que faz sofrer, que os coloca num ponto que não lhes diz respeito. É preciso exaltar a Amizade, o Companheirismo, pois o Amor é privilégio, ou maldição de poucos. Talvez ensinadas assim, as novas gerações de homossexuais, não sofra à procura desse Amor, e então persiga a amizade, que constrói pontes e alicerces, que mesmo nas mais difíceis situações, vence a ignorância e resgata até o mais recalcitrante indivíduo. Quero aqui externar esse desejo, de um dia poder voltar aqui e dizer que eles serão mais felizes, melhor educados.
Mas para os caras que, assim como eu, já estão "ensinados", deixo esta música para que permitam-se voltar a ser como um jovem rapaz, que em dado momento queria simplesmente amar outro jovem rapaz, porque ainda havia muito tempo, havia muita juventude, ou porque o mundo, apesar de tudo, prometia tudo, inclusive o Amor, que tanto perseguimos.

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