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terça-feira, 31 de maio de 2011

Viés político-ideológico no "Kit Gay"


Voltando à polêmica do "kit gay", que tem deixado ânimos exaltados em todos os lados, algo que quase não se comentou foi quem produziu o material... Sabe-se muito bem que desde que o governo do PT subiu ao poder, o número de Ong's patrocinadas e financiadas pelo Governo Federal só aumentou. Sabe-se que muitas delas estão nas mãos de estrangeiros que supostamente estariam aqui para estudar ou proteger nossas florestas, nossa água, e também nossa educação, nossa liberdade de expressão. Já se pensou inclusive em uma CPI das Ong's, para investigar muitos atos de terrorismo, como os ataques à Aracruz Celulose e Cutrale, feitos pelo MST. Mas além dessas que partem para a violência e a bandidagem, tem aquelas que procuram assegurar a criação de conflitos dentro do dia a dia da população, a querer criar certas formas de sociedade calcadas na vitimização, na discriminação e na criação de políticas que só aumentam o esteriótipo, a violência e o Gueto. Pois é, está nas mãos de Ong's parecidas com essas a criação, produção e tudo o mais que se relaciona ao material do kit. Depois do vazamento, setores mais conservadores falam em homossexualização. Como se isso fosse possível. Falam também que homossexualidade tem a ver com pedofilia, opinião odiosa e a mais nefasta e inverídica possível. Os ânimos estão exaltados.
Como homossexual, que é contra o atual kit, a criminalização da homofobia, das cotas raciais, e todas as atuais "políticas afirmativas" em curso no Brasil, digo que a sociedade não foi consultada, não houve uma preocupação em se ter professores, psicólogos, sociólogos, estudiosos, religiosos, e demais setores da sociedade para se pensar e debater o kit, que aliás, é válido desde que tenha outro viés, não o viés político-ideológico LGBT. Ele foi feito de acordo com o pensamento dominante no momento, o atual movimento gay, que senhores, é minoria. Como já disse antes, para muitos meninos o mais difícil na aceitação em ser homossexual advém do fato de que para ele é penoso se identificar com um movimento feminizante, vitimizante, e que prega uma realidade que não existe. Ele é menino, ele é viril, ele gosta de coisas de menino!
Nos vídeos não aparece essa realidade. Nos vídeos, mesmo os beijos nos desenhos ficaram destoados. Opiniões de amigos, de colegas do trabalho e muitos outros acabam indo na mesma direção, de que estão enfiando guela abaixo o kit. O assunto é polêmico, por isso mesmo deve ser melhor pensado e debatido. O deputado federal Jean Wyllys disse que o ministério da Educação foi covarde em não distribuir o kit, e que o governo sofreu chantagem da bancada cristã, por causa de Antônio Palocci. Nesse ponto ele está certo, é verdade que a pressão dos cristãos pesou bastante, afinal a presidente Dilma foi para o segundo turno por conta da questão aborto, porém, não foi só isso, o material é inapropriado, celebra certos comportamentos, não foi pensado coletivamente.
Outra coisa que não foi dita pelo movimento gay, é que além do kit, seria distribuído também um material de combate às DSTs, que chocou muitos parlamentares. Além disso uma cartilha com símbolo do Mec trazendo ilustrações com sexo entre dois homens já estaria nas mãos dos parlamentares. Não vai ser assim que nos livraremos do preconceito, da violência. Não é impondo um modo de vida, que nem mesmo a maioria dos homossexuais quer que iremos conquistar respeito. Para muitas pessoas, tudo o que está acontecendo pretende criar um novo segmento, os gays, por intermédio desses pretensos direitos. Muitos se perguntam: Por que não investimos mais em educação? Por que não combatermos a miséria, a insegurança? Se tantos atos de violência, como o que o país vê diariamente no trânsito, com motoristas bêbados e assassinos não são criminalizados e punidos por isso, por que haveríamos de querer a criminalização da homofobia?
As pessoas pensam assim. Elas não estão muito preocupadas com o que o movimento gay pensa. Por isso, antes de tudo, um Kit Anti-Homofobia deve ser pensado coletivamente, com o maior número de especialistas possível, dever mostrar o diferente de forma menos impactante, menos direcionada, menos ideológica, não nas mãos dessas Ong's. Deve educar mesmo, não polemizar. Continuo pensando que antes de criminalizar-mos algo, devemos investir pesado na educação, é a falta dela que nos impede de sermos um país civilizado. Para mim, a maior prova de que o pensamento está evoluindo em nosso país, foi a aprovação da união civil de pessoas do mesmo sexo pelo Supremo Tribunal Federal. Isso foi uma vitória. Mostra uma forma de sermos aceitos sem estridência, que existimos. Portanto, que o novo kit traga o que de fato precisamos para combater o preconceito e a violência, com educação de qualidade, desmistificações, sem esteriótipos, e mostrando como se combater e punir exemplarmente o bullying de qualquer matiz.
Enquanto o novo kit não sai, deixo aos meus leitores uma dica. Para vencer o bullying é necessário confiar em si mesmo. É difícil, mas compensa. Eu venci o bullying estudando mais, me destacando mais. Também me impus em algumas circunstâncias, com meu pensamento polêmico e minhas atitudes. Porém, o que me transformou mesmo foi o jiu-jitsu. Por isso, digo aos meus leitores que a melhor forma de confiar em si mesmo é aprendendo uma arte marcial. Não que ela vai te deixar violento ou pronto a arrumar ou revidar uma situação. Ela faz com que você se supere, acredite em si mesmo, te disciplina, e te mostra que às vezes o sofrimento te molda para o bem. É aceitar que na vida sempre teremos dificuldades e que precisaremos vencer algo lá na frente. Sua aparência muda, sua forma de pensar o mundo também. Você não é uma vítima, pois você se supera dia a dia. Pratiquem esportes. Eles te darão autoconfiança. Nada melhor que eles para vencer o bullying, a homofobia. Destaque-se dessa forma, como um atleta, um estudioso, um afirmador de si, não como uma vítima LGBT, que sempre precisará das "políticas afirmativas".

4 comentários:

  1. E aí, Andrey? Bom te conhecer, cara...

    Meu pensamento também é bem semelhante ao seu. O kit anti-homofobia, do jeito que está sendo composto, colabora mais pra segregação social dos gays do que para seu processo de socialização. Disse em outro blog, também voltado pro público gay, que o foco do MEC deve ser a sexualidade, no seu aspecto físico e afetivo. Não adianta enfiar conteúdo homossexual para a criança ou adolescente. Eles precisam compreender a homossexualidade a partir de algo que todos nós(homo e héteros) desenvolvemos: a sexualidade. Aquela sexualidade que está na cabeça, no comportamento, nas dúvidas, nas descobertas, nas mudanças físicas, na necessidade de enxergar a naturalidade de qualquer tendência, desejo e prática sexual: homo, bi ou hetero.

    Cara, concordo também sobre a questão da criminalização da homofobia. Não que eu seja totalmente contra... Considero apenas que mais importante que essa criminalização seria que nossa legislação criminal punisse com mais rigor os casos de lesão corporal, de qualquer natureza. Para mim, aquele que joga uma pedra em um gay, aquele motorista que dá um soco em outro motorista por motivo fútil, e aquele que esmurra outro cara na boate só porque cismou q ele tava dando encima da namorada, todas esses idivíduos deveriam passar por um mesmo rigor punitivo, um EXEMPLAR rigor punitivo. Infelizmente, hj qualquer dessas ocorrências de violência gratuita (isso quando viram BO - Boletim de ocorrência...) acabam indo pro JuizadoEspecial Criminal, e o criminoso, quando e se for condenado, terá, no máximo que pagar cestas básicas, prestar algum serviço comunitário... Friso: no MÁXIMO.

    (continua...)

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  2. (Continuação do comentário anterior)

    Apenas discordo (um pouco), se me permite, quando vc se refere ao Jiu-Jitso. Não acredito que as artes marciais sejam a melhor forma de se alcançar a auto-confiança. Acredito que ela seja uma forma, uma possibilidade, um recurso-a-mais... Nem melhor, nem pior que outras. Não acredito na sua primazia.

    Eu sempre fugi do estereótipo gay. Ainda estou no armário... Sofri bullying na escola (não por ser gay, o que nunca assumi, mas por ser caladão, quieto, fazer meio um estilo nerd e, um pouco também, por suspeitarem que eu era gay, afinal, se por um lado eu omitia minha realidade, por outro não era do tipo que ficava fingindo, que ficava falando e dando em cima de mulheres só pra ser aceito...). Estudei numa escola estadual onde “estudar” não era objetivo da maior parte dos alunos, e como eu sempre tive um comportamento sério nos estudos, sofri por não ter um ambiente escolar voltado ao conhecimento e à garantia de um ambiente seguro para o estudo. Não me sentia diferente dos outros meminos só por ser gay, mas por muitas outras coisas, por pensamentos, objetivos e comportamentos incompatíveis com aquilo que eu queria para mim.

    Sempre procurei ser um homem normal (não um hiperhomem), mas um homem que gosta da sua virilidade, gosta de ser homem, gosta do seu corpo, sente-se bem sendo homem, vivendo como homem, vestindo-se como homem, preocupando-se com sua saúde e bem-estar, agindo como homem...

    Um homem que se sente muito bem gostando de homens, embora ainda não tenha (ainda) se dado o direito de assim se mostrar pra sociedade. E digo, sinceramente, que nunca quis ser um hiperhomem... Minha auto-confiança se deu mesmo me debruçando nos estudos, conseguindo conquistas que muitos na minha idade nem sonham em conseguir: passei de primeira numa universidade pública federal, aos 17 anos. Terminei minha faculdade aos 22 anos. Do segundo ao quarto ano da facul fui aluno-bolsista (eu fazia parte de um pequeno e seleto grupo de alunos da universidade que, por mérito e vontade de crescer no meio científico, recebia salário para estudar, pra desenvolver projetos pra própria universidade). Consegui meu primeiro emprego formal assim que terminei o meu curso, e alcance meu emprego definitivo, fixo, aos 23 anos. Pós-graduei-me aos 24 anos...

    Tô falando tudo isso não é pra me gabar não... No dia-a-dia até que sou um cara humilde, sossegado, pacato. Quando faço amizade nem fico falando essas coisas, para que a inveja não seja obstáculo nos meus relacionamentos de amizade. Tô contando um pouco sobre mim pra dizer que acredito, por experiência própria, que são diversas as formas de se conseguir auto-confiança, e que eu escolhi a minha... Você a sua... Outros, como nós, gays que não seguem o estereótipo do mundo gls, também podem encontrar outra alternativa.

    (continua...)

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  3. (continuação do comentário anterior)

    Não faço o estilo jiu-jiteiro, não me identifico muito com artes marciais... Mas também não faço o estilo afeminado, com voz fina. Acho que existem muitas maneira de ser um gay sem cara de gay. Faço o estilo urbano/esportista. Agora, concordo com vc quando afirma que o esporte, na sua variada gama de possibilidades, é um bom caminho para melhorar a auto-estima. Nos últimos três anos tenho me dedicado às práticas de musculação e corrida, por me sentir bem vendo o meu corpo ficar mais legal, mais atrativo. Tô fazendo isso por mim mesmo... Isso sem dúvida tem também melhorado a minha confiança... Quando o homem fica mais forte, com o corpo mais desenvolvido, em termos de massa muscular e força, ele é mais respeitado, sem dúvida. E eu me sinto bem assim. É legal ver meus colegas de trabalho me chamando de atleta... E como ainda estou no armário, aí que eu percebo que o pessoal fica mais intrigado ainda... Muita gente que eu sei que pensava que eu “era” (por nunca me ver falando em namorada, em pegação), ta repensando... Quem não segue esse maldito estereótipo que vigora no meio gls deixa os outros confusos... Isso às vezes chega até a ser divertido...

    Por isso, irmão, acredito que, além das artes marciais, há outras possibilidade de se conseguir isso q vc disse no post:

    “Ela faz com que você se supere, acredite em si mesmo, te disciplina, e te mostra que às vezes o sofrimento te molda para o bem. É aceitar que na vida sempre teremos dificuldades e que precisaremos vencer algo lá na frente. Sua aparência muda, sua forma de pensar o mundo também.”

    Afinal, se pra ser homem, viril, todos nós precisasse-mos ser jiu-jiteiros, acho que íamos acabar criando novo gueto, nova estereótipo, não?.

    Gostei pra caramba do seu texto e tenho gostado muito do blog. Show mesmo.

    Desculpa ae meu extenso comentário... É que digito na velocidade do pensamento... Isso é um mal que tenho que melhorar... Bom domingo, e a gente se vê mais em outros posts.

    Miguel

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  4. Valeu Miguel pelos comentários. Assim como você,também sofri bullying por ser tímido e inteligente no começo. Depois, certamente por terem alguma desconfiança sobre eu ser homossexual. Também não saí por aí dizendo sobre minha sexualidade, nunca me assumi publicamente, mesmo tendo amigos, familiares e meu professor de jiu entre as pessoas que sabem sobre mim. Mas como você, também não fingi ser algo que não sou, nunca fiz de conta que me interessava por meninas. Em relação ao corpo, é isso mesmo, o seu desenvolvimento ajuda na autoestima e dá autoconfiança.
    Claro que o jiu-jitsu foi para mim o começo de tudo, mas não significa que seja o único caminho. Em relação aos esteriótipos, quando falo em hipermasculinidade, cito aqui suas qualidades, como aceitar e gostar de ser viril, acreditar na amizade e no companheirismo próprio dos homens. É cultivar nossa masculinidade. O que quero mostrar citando o jiu-jitsu, é como o esporte muda, tranforma, agrega e inclui. Qualquer um deles. Obrigado pelos comentários, pois pessoas como você são um incentivo para eu continuar e melhorar este blog, que tem como objetivo informar, e mostrar que temos outros modos de pensar e mostrar nossa homossexualidade.

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